Dança: expressão pelo movimento
Explorar o caráter expressivo do movimento é uma das premissas do ensino de dança. O coreógrafo e pesquisador da linguagem Rudolf Laban (1879-1958), uma das grandes referências na área, categorizou os movimentos em dois tipos: os funcionais – escovar os dentes, subir escadas ou escrever na lousa, por exemplo – e os expressivos. Nesses últimos, o objetivo é transmitir uma idéia ou sensação, como o estranhamento, a curiosidade, a beleza ou o humor. À dança, costuma-se associar os movimentos de natureza expressiva – como se vê no balé clássico. O professor, porém, deve considerar (e explorar!) uma característica das crianças que permite enriquecer as atividades em sala: elas não distinguem necessariamente os movimentos funcionais dos expressivos. “Entre os pequenos, as atividades cotidianas mais simples são carregadas de brincadeira, de exploração de movimento, de dança”, diz Fabio Brazil, dramaturgo da companhia Caleidos, em São Paulo. “Eles ainda não criaram barreiras entre os dois tipos de gestos.”
Para o dramaturgo, um bom caminho para explorar a linguagem na escola é justamente investir no rompimento de qualquer distinção entre os movimentos cotidianos e aqueles considerados “bonitos” pelo senso comum. A dança moderna e a contemporânea trabalham nessa perspectiva. "Um gesto do dia-a-dia trazido para o contexto de uma coreografia – em uma repetição dele, por exemplo – ganha um sentido expressivo”, explica. “É só lembrar da cena de Charles Chaplin no filmeTempos Modernos, em que ele transforma o ato de apertar parafusos em uma expressão de crítica e humor.”
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